Carnaval: A gente não se liga em você.

Preparados pro carnaval? Não? Tudo bem, você faz parte de 20% dos brasileiros que não gostam da data. Eu, por exemplo, conto sozinho 10%, porque além de não gostar, eu amaldiçoo qualquer coisa que tenha haver com esse tal de festival da carne. Pra mim isso tudo não passa de desculpa esfarrapada pra mostrar mulheres seminuas e vender cerveja como se fosse água no deserto. E o brasileiro, é claro, gosta de tudo o que tem nudez, acaba fazendo esse alvoroço e parando o mundo inteiro pra uma festividade pagã que virou a marca registrada no país. 

Mas, como estou no programa “Faça tudo o que os outros fazem e tente não ser tão imbecil”, comecei a criar expectativas insanas sobre a data. Quer dizer, quando o dia chega, todo mundo espera beber, beijar muita gente, acordar grávida no outro dia com seu melhor amigo do lado e não fazer ideia do que significa aquela dor vaginal. Sabem? Mas minhas expectativas não se encaixam nos padrões, de novo. Eu poderia sair por aí, fingir que sou feliz e beijar 300 garotos feios ó pra deixar meu ex com aquela cara de “Se eu estivesse perto iria te dar porrada”, mas não. Eu, como um bom pisciano, quero apenas que a minha solidão termine.

E quando eu digo solidão, o significado é relativo. Minha solidão pode ir de um pote de sorvete de napolitano enquanto assisto a um dos meus filmes preferidos até um olhar malicioso de alguém querendo meu corpo. Não, não pretendo liberar pra ninguém neste carnaval, eu só queria me sentir... Bem. E talvez, pela primeira vez, não odiar as comemorações felizes e as pessoas felizes que juntam sua felicidade com milhões de outras pessoas pra todo mundo ter uma semana feliz. Porque é isso que carnaval significa, mandar os problemas por sedex lá pra casa do caralho e se acabar num trio elétrico ao som da Pombagira Arerê Piriguete Sangalo.

E talvez, o aumento das minhas expectativas se deva ao fato do meu aniversário ser na semana do carnaval. Eu sempre esperei um milagre nesse dia, sabe? Quando estava perto, eu pensava que era o dia em que Deus iria me provar que não vim ao mundo a passeio e faria alguma coisa acontecer, mesmo que fosse ruim. E isso nunca aconteceu. De alguma forma, mesmo ganhando presentes, mesmo com os parabéns sinceros das pessoas que me amam, só no que consigo pensar é que estou ficando mais velho e não realizei nenhum sonho que eu tinha. E o tempo passa, o mundo gira, menos pra mim.

Pelo amor de Deus, custa tanto assim acontecer alguma coisa? Mesmo que seja coragem e estomago pra beijar 300 pessoas. Mesmo que seja um olhar, um “eu gosto de você”, ou um “vamos ficar?”. Mas parece que estou condenado a receber apenas parabéns pelas redes sociais e um discurso pseudo-infinito do meu pai sobre as responsabilidades que eu devo ter agora que sou maior de idade. Ganho esse discurso desde os 16, mas enfim, isso até passa. É só deixar ele falar e imaginar uma suruba masculina em Pretty Little Liars.

O pior é que, apesar de ter medo dessas coisas, eu sinto vontade de fazer. Ano passado, após alguns dias do meu aniversário de 18, fui numa boate gay. Tomei coragem, peguei a Best e corremos pra lá. No começo foi meio estranho, me senti em outro mundo, perto de pessoas normais e tal. Mas depois eu me soltei. Comecei a dançar, e eu nem sabia que eu sabia! E eu sei que eu fui bom. Dei um fora num garoto que me cumprimentou quando tava voltando do banheiro e dancei mais e mais, até cansar e ir pra casa. Não doeu nada, mas não é o meu mundo. Não quero ser o garoto viciado em boate que fica com três toda noite, mesmo que às vezes, em momentos de desespero, é exatamente isso que eu quero ser.

Então, eu acabo não sabendo o que diabos vou fazer no carnaval ou o que pode acontecer no meu aniversário. Ou, o que eu realmente quero. Eu sou um filho da puta mesmo, mas, no fundo, eu só quero que alguém aproveite o feriado pra vir me ver e passar uma semana comigo. Eu juro por tudo, se isso acontecesse, não importa que meu futuro seja ruim, eu vou simplesmente ser a pessoa mais feliz do mundo. Mas como isso não acontece, acho que vou ficar com o sorvete e o filme. A não ser que eu resolva dizer alguma coisa pro garoto da minha sala que sempre me olha.

Conclusão Carnavalesca: Preguiça e sono: 10! Fome e tédio: 10! Carência e forever aloniness: 10! Humor e Sarcasmo: 10! Quem sabe até o dia 22 o quadro muda. Hasta La vista, boys.

1 comentários:

M 20 de fevereiro de 2012 às 19:09  

Nesse carnaval lembrei de você L. Meus ultimos dias foram tão difíceis para meu coração haha Eu que não choro a anos, deixei cair umas 4 lagrimas enquanto esperava por uma mensagem qualquer no celular. Odeio a indiferença. Espero que você conte sobre o garoto da escola, porque fiquei atiçado.

Postar um comentário

Você é o dramático número:
contador de visitas gratis

L, é assim que vocês vão me chamar e é apenas isso que devem saber, além de um monólogo diário sobre a minha vida e a de quem me cerca todos os dias, tudo em completo anonimato, para não comprometer nenhum dos indivíduos que merecem ser comprometidos pelo fato de me comprometer também. Qualquer coisa, não me perguntem, ainda estou tentando descobrir quem eu sou.

Seguidores

Tecnologia do Blogger.