Família: A base de todos... Que não são gays.


Às vezes eu não entendo essas pessoas que me amam. Não que eu ache que prova de amor seria deixar eu fazer o que quisesse, na hora em que quisesse e do jeito que quisesse, mas, sempre existe o exagero. Quem aí nunca reclamou da sua família? É claro, todo mundo reclama, porque nossa mãe é aquele tipo de criatura que foi feita especialmente pra estragar nossos planos.

Comigo, acho que as coisas foram bem diferentes. Vejo gente por aí terminando a faculdade e a mãe ainda nem sonha que ele gosta de dar a ré no kibe com uma cenoura na boca, por isso acho que meu drama foi muito precoce. Eu tinha apenas 15 anos quando a família inteira descobriu o que nem eu sabia direito. Captaram a mensagem? Pois é, 15 anos é aquela idade em que você trepa com seu primo a torto e a direita, mas ainda não sabe o que realmente é.

E eu nem primo tinha, quanto mais faz fazer uma coisa dessas, que por acaso, eu tremia de medo só de pensar. Eu era como uma criança que tinha acabado de descobrir que existe, mas ainda não sabia pra que ou por que. E quem se aproveitou disso foi minha família. Quer dizer, eu era novo, eles pensavam que dava tempo de me levar pra igreja do tio Edir Macedo e dar seu salário inteiro “pra Deus” em troca do meu corpo ser liberto pelas centenas de pombagiras que me faziam gostar de garotos.

Acho que foi aí que começou minha primeira rebelião. Quem lê o blog conhece o meu jeito. Eu sou dramático, mas também sou revoltado. Vivo falando palavrão, sou agressivo, muitas vezes até injusto com algumas pessoas. Mas acho que tudo isso tem um motivo. Quando você é arrastado a peso de porrada pra uma igreja e não tem ninguém pra te apoiar, as coisas ficam foda. Queria pelo menos ter tido um namorado, sabe? Alguém com uma casa pra eu fugir, porque não tinha saída.

Não que tudo o que passei justifique minhas atitudes agora, é claro. Porque tem vezes que nem eu me reconheço. Faço coisas horríveis e dou a justificativa de que sofri demais pra ter que me importar agora, e isso é errado. Mas sim, tem algo no meu passado que me influenciou muito a ser o revolucionário de hoje e ajudou a melhorar meu vocabulário dado e revisado pelo capeta.

Família é importante, mas desde aí, não consigo mais vê-los como antes. Será que vocês me entendem? Porque não posso dizer que guardo rancor, já que perdoei várias vezes o amor da minha vida e essa dor foi bem pior que não ser aceito pela minha mãe. É que as coisas mudaram... Eu posso entender que alguém não me queira pela minha aparência ou pelas besteiras que eu digo, mas eles deveriam me amar acima de tudo. E quando precisei, só o que fizeram por mim foi orar e dar dinheiro pra uma igreja em troca da minha salvação. Isso tem cabimento?

E os anos se passaram, as coisas foram melhorando, mas eu fui piorando. Aprendi a não confiar neles e nem contar com eles pra nada. Cheguei num ponto em que eu desejo um futuro bem longe deles, sabe? Ir visitar só nos feridos e no natal e pronto, mas ficar bem longe. Só que a culpa também é grande. Eles são a minha família, apesar de serem uns filhos da puta sem coração, são as pessoas que mais vão me amar verdadeiramente (?).

Ou será que não? E se algum dia por milagre de Deus eu arrumar alguém? Casar? Morar junto? Como vai ser? Vou ser excluído pra sempre da família? “Não chama o L pro natal, ele é gay, vai ter crianças aqui vai dar mal exemplo”. “Não chame o L pra minha casa, ele é gay, não quer o sentar onde ele sentou”. Porque foi assim que eu me senti quando falaram na minha cara que eu não prestava e que em poucos meses viraria travesti. Trágico.

Mas, bom, eu acho que tenho que perdoá-los. As coisas mudaram, minha mãe disse que sempre vai me amar e nunca vai me impedir de nada. O “nada” dela é ir pro colégio, apenas, porque quando digo que vou ao cinema ela começa a orar e a me dizer o perigo de encontrar com alguém da internet. Mas mesmo assim, acho que as coisas têm que mudar.

 Só que eles não mudam. Continuam os mesmo evangélicos egocêntricos de sempre e nunca vão me aceitar verdadeiramente. Sabe, e isso é tão importante pra mim que me dá vontade de gritar com eles e perguntar porque é tão difícil acreditar que a única coisa que Deus quer de alguém é que ame ao próximo como ama a si mesmo? Porque ser excluído do céu só porque eu amo o H é tão... Cruel. Me pergunto que destino me reservaria se ao invés de amá-lo, eu o odiasse.

Conclusão: Se eu não posso contar com a minha família que não me aceita, com meus amigos que não sabem metade do que eu passo ou com o cara que eu amo, só me resta ter um blog. Namastê, boys. 

2 comentários:

M 28 de janeiro de 2012 às 23:29  

Putz L, que barra cara. Com meus pais foi fácil demais, até me surpreendi com eles.
O jeito agora é você ter disciplina para conseguir o que quer: morar em um lugar onde possa ter paz na própria casa.
Boa sorte L, estou contigo cara ^^

T 13 de fevereiro de 2012 às 21:46  

Nossa, cara, que achado esse seu blog. Sério. Eu tô no meio de uma madrugada chata, depois de ter tido (mais) uma briga feia com a minha mãe... E me deparo com isso.
Primeiro de tudo: você tem um jeito filho da puta de bom pra escrever.
(foi mal, mas eu falo palavrão de mais - e não me importo com isso - e percebi que você também não, logo...)

Depois, eu me identifiquei com umapá decoisas aqui! AEEEEE (sabe há quanto tempo isso não acontece?)
Enfim, vou resumir que daí fica melhor. Tô babando por ter achado esse seu blog num tópico random de uma comunidade de "desabafos gays". Você me faz rir e, ao mesmo tempo, parece que tá esfregando na minha cara tudo o que eu penso e sinto. (essa seria a parte da identificação)

É isso. VO LER TUDO

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L, é assim que vocês vão me chamar e é apenas isso que devem saber, além de um monólogo diário sobre a minha vida e a de quem me cerca todos os dias, tudo em completo anonimato, para não comprometer nenhum dos indivíduos que merecem ser comprometidos pelo fato de me comprometer também. Qualquer coisa, não me perguntem, ainda estou tentando descobrir quem eu sou.

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